A companhia telefônica das
Assembleias de Deus e o Banco do Vaticano: quando a igreja esquece sua missão!
Por Gutierres
Fernandes Siqueira
Qual
é a missão da igreja? Eis um tema difícil. Será a adoração, o serviço, a
assistência, a proclamação, a evangelização etc.? Talvez o melhor fosse evitar
o artigo definido para que as várias missões bíblicas sejam abarcadas. Agora,
certo como o rio corre para o mar é que o empreendedorismo nunca foi missão da
Igreja de Nosso Jesus Cristo, seja essa como corpo místico de Cristo ou como
uma instituição humana que afirma ser o depósito do Evangelho. Infelizmente, a
CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil) ainda não entendeu
esse elemento básico da doutrina cristã.
Cartão da AD lançado
na década de 1990. |
Na
década de 1990 a CGADB lançou cartões de crédito com o logo da convenção. O
empreendimento não deu muito certo, mesmo com a desculpa que parte dos lucros
seriam revertidos para obras missionárias. Em 2000 a Confader (Convenção
Nacional das Assembleias de Deus do Brasil e do Exterior), uma convenção à
parte da CGADB, cogitou comprar a falida VASP, uma companhia área que encerrou
as atividades em 2008. Agora, em 2015, a CGADB fez uma parceria com uma
empresa de telefonia para criar uma operadora de celular “do povo evangélico”.
Se você não acreditou, por favor, leia a notícia
aqui. É uma empresa em nome da igreja Assembleia de Deus e para
vergonha do povo assembleiano.
Ainda
que tenha muita gente abitolada que abraçará esse empreendimento com afinco, é
duvidoso saber se essa operadora fará sucesso entre os assembleianos. É visível
nas redes sociais a revolta contra essa ideia esdrúxula da Convenção Geral. O
povo evangélico, diferente do que muitos líderes pensam, não agem bovinamente e
o senso do ridículo dificultará o crescimento desse tipo de empresa.
Bom,
tenho saudades do tempo onde os crentes criticavam a Igreja Católica por esta
ter um banco, o Banco do Vaticano, mas agora a igreja dos crentes tem uma
companhia telefônica. Naquela época os crentes perguntavam: por que uma igreja
precisa se envolver com os negócios desta terra? Por que uma igreja precisa ser
envolver no mundo como uma empresária? A missão da igreja é mercantilista?
Agora, alguns lunáticos comemoram o “avanço” da igreja na sociedade pelos meios
da lucratividade.
A
igreja pode e deve influenciar a sociedade, mas o melhor meio para isso é a
assistência social e a educação. A
Assembleia de Deus é uma igreja centenária no Brasil, mas não possui nenhuma
universidade- apenas algumas faculdades. A denominação tem apenas um
hospital e algumas poucas escolas de ensino fundamental e médio, mas nesses
dois casos não há uma rede nacional estruturada.
A
influência nunca acontecerá com essa segmentação ridícula de produtos
específicos para evangélicos. Essa visão maniqueísta de “produtos para
evangélicos” não tem base escriturística e nem lógica. Por que o evangélico
precisa de uma empresa de telefonia? Qual a diferença entre as demais
telefônicas? Por acaso haverá uma linha direta para o céu?
Outro
fato preocupante é que essa associação com empresários segue a mesma lógica da
associação com políticos. Alguns pastores acham que podem garantir votos ou
vendas direitas dos membros da denominação. É vergonhoso saber que alguns
pastores podem se achar donos do voto e do bolso dos evangélicos.