terça-feira, 6 de outubro de 2015

ESSA AÇÃO É MISSÃO DA IGREJA?

A companhia telefônica das Assembleias de Deus e o Banco do Vaticano: quando a igreja esquece sua missão!
Por Gutierres Fernandes Siqueira

Qual é a missão da igreja? Eis um tema difícil. Será a adoração, o serviço, a assistência, a proclamação, a evangelização etc.? Talvez o melhor fosse evitar o artigo definido para que as várias missões bíblicas sejam abarcadas. Agora, certo como o rio corre para o mar é que o empreendedorismo nunca foi missão da Igreja de Nosso Jesus Cristo, seja essa como corpo místico de Cristo ou como uma instituição humana que afirma ser o depósito do Evangelho. Infelizmente, a CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil) ainda não entendeu esse elemento básico da doutrina cristã.

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Cartão da AD lançado
na década de 1990.
Na década de 1990 a CGADB lançou cartões de crédito com o logo da convenção. O empreendimento não deu muito certo, mesmo com a desculpa que parte dos lucros seriam revertidos para obras missionárias. Em 2000 a Confader (Convenção Nacional das Assembleias de Deus do Brasil e do Exterior), uma convenção à parte da CGADB, cogitou comprar a falida VASP, uma companhia área que encerrou as atividades em 2008.  Agora, em 2015, a CGADB fez uma parceria com uma empresa de telefonia para criar uma operadora de celular “do povo evangélico”. Se você não acreditou, por favor, leia a notícia aqui. É uma empresa em nome da igreja Assembleia de Deus e para vergonha do povo assembleiano.

Ainda que tenha muita gente abitolada que abraçará esse empreendimento com afinco, é duvidoso saber se essa operadora fará sucesso entre os assembleianos. É visível nas redes sociais a revolta contra essa ideia esdrúxula da Convenção Geral. O povo evangélico, diferente do que muitos líderes pensam, não agem bovinamente e o senso do ridículo dificultará o crescimento desse tipo de empresa.

Bom, tenho saudades do tempo onde os crentes criticavam a Igreja Católica por esta ter um banco, o Banco do Vaticano, mas agora a igreja dos crentes tem uma companhia telefônica. Naquela época os crentes perguntavam: por que uma igreja precisa se envolver com os negócios desta terra? Por que uma igreja precisa ser envolver no mundo como uma empresária? A missão da igreja é mercantilista? Agora, alguns lunáticos comemoram o “avanço” da igreja na sociedade pelos meios da lucratividade.

A igreja pode e deve influenciar a sociedade, mas o melhor meio para isso é a assistência social e a educação. A Assembleia de Deus é uma igreja centenária no Brasil, mas não possui nenhuma universidade- apenas algumas faculdades.  A denominação tem apenas um hospital e algumas poucas escolas de ensino fundamental e médio, mas nesses dois casos não há uma rede nacional estruturada.

A influência nunca acontecerá com essa segmentação ridícula de produtos específicos para evangélicos. Essa visão maniqueísta de “produtos para evangélicos” não tem base escriturística e nem lógica. Por que o evangélico precisa de uma empresa de telefonia? Qual a diferença entre as demais telefônicas? Por acaso haverá uma linha direta para o céu?

Outro fato preocupante é que essa associação com empresários segue a mesma lógica da associação com políticos. Alguns pastores acham que podem garantir votos ou vendas direitas dos membros da denominação. É vergonhoso saber que alguns pastores podem se achar donos do voto e do bolso dos evangélicos.


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