quinta-feira, 20 de outubro de 2011

SÉRIE: HERESIAS NO CRISTIANISMO


Verdades libertadoras sobre a Graça


O simples fato de que Deus derrama sua graça sobre nós já é uma verdade libertadora, tranqüilizadora, transformadora, abençoadora e digna de confiança. Mas, há mais algumas dessas verdades esplêndidas que nos revelam ângulos magníficos do amor e do caráter de Deus:

A graça não excepcionaliza ninguém:

Deus ama os autênticos! A graça não procura os excepcionais, mas os honestos. Seja qual for o seu pecado, sua crise, seu cárcere, a graça o alcança – é para você! Frente à graça somos confrontados para sermos libertos. É quando assumimos quem somos – pecadores – que a graça dá seu espetáculo. Um pregador puritano costumava dizer: “Se não estás perdido, de que te serve um salvador?” A graça é para todos porque ela não depende do que nós fizemos para Deus, mas sim, do que Ele já fez por nós. O mérito da graça é o mérito que não temos. A igreja, como casa da graça, não pode ter privilegiados, prediletos ou caciques e suas excentricidades – ela deve ser de todos, porque é casa da Graça!
A graça é a resposta para o dilema de Deus: um Deus santo amando pecadores: 
Deus nos ama, mas nosso comportamento o enoja. Ele é santo, nós pecadores. Deus é justo e nós absurdamente injustos. Como é para Deus lidar com isso? Como se aproximar ao máximo de nós se o pecado e sua podridão nos afasta dele? Aqui é que entra a graça! A grande graça está no fato marcante e decisivo de que Deus não desistiu e não desiste de nós. Na cruz, ele resolve o dilema. Absorve o pecado em Cristo e nos liberta para a plenitude da vida. Como escreveu um pensador: "A graça é a lente através da qual Deus nos enxerga".

A graça nos liberta dos cárceres da alma: 

Não há carrasco pior do que o nosso coração. A graça é capaz de eliminar as toxinas da culpa porque nos garante a assombrosa verdade de que Deus nos ama como somos, sem disfarces ou máscaras, sem as tatuagens da religião, sem as sombras do passado. A graça nos liberta para sermos nós mesmos, mas agora transformados por Deus, através do encontro com Cristo. Quando Deus nos transforma, não nos faz sermos aquilo que nunca fomos, pois isso seria admitir uma falha no processo primário da nossa criação. Quando Deus nos transforma, Ele nos devolve à forma original, a que ele pensou, com amor, ao nos criar.
Como escreveu Brennan Manning: “No homem Jesus, vemos a face humana de Deus”. Jesus é a graça encarnada no chão da história.

A graça é a mais extraordinária possibilidade existencial (Is.48)

O texto de Isaías 48 é feito num tom sofrido, pois é Deus tratando a natureza de Israel. A nação de Israel é toda forjada na conflitividade. São filhos do conflito. Israel nasce da luta entre um homem e Deus no Jaboque (Gn.32.22-32). Jacó é a constituição humana de Israel. Essa constituição é extremamente complicada, porque a vida de Jacó é um turbilhão de emoções e sensações. Ele é um homem complicado, um ser em fúria. Parece até uma contradição: o povo escolhido por Deus nasce de homens em crise com Deus. Jacó é um rosto para assumir essa graça.

Há algumas verdades nesse texto que atestam para a graça como a mais extraordinária possibilidade existencial:
Você não é um susto para Deus: 

Deus não nega suas escolhas. É gente que ele escolhe, não seres perfeitos. Ele resolveu trabalhar conosco. Deus escolhe gente real, de carne e osso. Gente da pior espécie, gente que precisa de Deus. Se você quiser saber com quem Deus anda, olhe para o Jesus do Novo Testamento: de publicanos e pescadores à mulher samaritana, ele ganhou a fama de “amigo de pecadores” (Mt.11.19). O teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer, disse: “Jesus foi o homem dos outros” Esse conflito entre o que somos e o que graça quer fazer de nós é chamado de “tensão da graça”: Deus sabe que somos pecadores, mas se nega a deixar que continuemos assim. Mudanças e transformações são especialidades de Deus. Ele nos dá a possibilidade de ser, só para a gente mudar!

A graça quebra as neuroses da vida: 
Ela triunfa sobre a síndrome do fatalismo. Transforma os cenários mais trágicos da alma. Ela nos alimenta com a esperança. Através da graça, podemos olhar dentro de nós e almejar a pureza. Ela nos faz encarar os monstros da alma. Nos piores momentos, Deus afirma sua presença. Mesmo nos dias onde tudo à nossa volta aponta para a dolorosa ausência de Deus, ainda assim, a graça nos revela o abraço eterno de um Deus que jamais fica ausente. Deus vê todos os processos de nossa vida, toda a construção histórica que somos é encarada com seriedade e amor pelo Deus que nos criou à sua imagem.

Na graça é que podemos experimentar a paz: 

Quando estamos conscientes da atuação sempre fiel da graça de Deus, desfrutamos perfeita paz, pois não estaremos livres das crises, mas aprenderemos com cada uma delas. Não esperaremos que a dor desapareça para que possamos descansar, mas no caos da dor, seremos livres para adorar ao Deus que nos ensina as preciosas lições de sua constante orientação. É o que Davi, no magistral Salmo 23, nos afirma: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo”. Ele não muda o vale, mas o divide comigo. Ele não faz do vale um céu, mas leva o céu para andar comigo no vale, porque Deus sabe que eu preciso do vale para meu crescimento e aprendizado.

John Newton disse: "Não sou o que posso ser, não sou o que devo ser, não sou o que quero ser, não sou o que espero ser; mas agradeço a Deus porque não sou o que outrora era, e posso dizer com o grande apóstolo: 'Pela graça de Deus, sou o que sou'"

Até mais...


Alan Brizotti

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